Pular para o conteúdo principal

Alergia ao látex


Látex é um produto extraído da árvore da borracha (seringueira ou Hevea brasiliensis), sendo utilizado no fabrico e manufatura de muitos materiais para uso médico: luvas, sondas, drenos, garrotes, entre outros e no uso pessoal: chupetas, brinquedos, balões de festa, infláveis, preservativos, produtos dentários, entre outros. Calcula-se que mais de 40.000 produtos de uso médico e de uso corrente contém látex e com os quais entramos em contato, seja através da pele como pela respiração. O ambiente hospitalar contem partículas de látex inaláveis, permitindo seu contato com a mucosa das vias respiratórias. 

Grupos de risco 
A alergia ao látex é mais comum em: 
- Médicos e profissionais de saúde, em especial aqueles que trabalham em centros cirúrgicos. É comprovado que a manipulação das luvas de látex libera partículas de látex ligadas ao talco no ambiente. Hospitais, clínicas e ambulâncias podem conter índices elevados de alérgenos do látex no ar, que podem ser inaladas e provocar sintomas. 
- Crianças portadoras de espinha bífida (uma doença grave que necessita de cirurgias repetidas) ou crianças que necessitem cirurgias múltiplas, como aquelas portadoras de malformações congênitas. 
- Trabalhadores com exposição ocupacional ao látex, seja por trabalharem de luvas ou equipamentos de proteção de borracha , como aqueles que trabalham diretamente na indústria da borracha ou têm contato com a árvore (seringueiros). 

Sintomas da alergia ao látex 
- Na pele: A reação mais comum é a dermatite irritativa, causada pelas lavagens repetidas das mãos com detergentes e desinfetantes e pelo contato com o talco das luvas. Contudo, o contato direto e frequente com os produtos com látex pode provocar uma série de dermatites, eczemas e até urticária. Destaca-se a Dermatite de contato alérgica (DCA) que pode surgir horas ou dias após o contato. Os casos de urticária de contato se acompanham de lesões que surgem 10 a 30 minutos após contato com as luvas. 

- Na respiração: a inalação de partículas do látex pode provocar: rinite, conjuntivite e/ou asma. Neste caso, o talco (amido) das luvas contribui para que as partículas fiquem em suspensão e sejam inaladas. 

- Anafilaxia: conhecida popularmente como choque anafilático, pode ocorrer em pessoas sensíveis, em especial quando submetidos a cirurgias ou procedimentos invasivos. Estudos apontam o látex como segunda causa de anafilaxia perioperatória, depois dos relaxantes musculares. 

Síndrome látex-fruta
Sendo o látex originário de uma árvore, algumas pessoas alérgicas ao látex podem apresentar também sensibilidade à algumas frutas e outros alimentos de origem vegetal. Mais de 20 alimentos já foram relatados como causadores dessa reação. Entre eles destacam-se: castanha portuguesa, banana, abacate, kiwi, mamão papaia, manga, maracujá, pêssego, abacaxi, figo, melão, damasco, ameixa, uva, lichia, acerola, tomate, batata, mandioca, espinafre, pimentão, e trigo sarraceno A suspeita da alergia alimentar associada à alergia ao látex baseia-se na observação do surgimento de reações sugestivas com a ingestão do alimento. Geralmente a sensibilização ao látex precede a sensibilização às frutas, mas pode ocorrer o inverso. 

Diagnóstico da alergia ao látex
O reconhecimento da alergia ao látex é feita baseado na análise dos sintomas e dos dados clínicos de cada paciente. 

A confirmação pode ser efetivada com os testes (na pele e/ou no sangue). 
- O teste cutâneo é feito utilizando extrato padronizado de látex, por método de puntura e leitura imediata. É seguro e eficaz. 
- Testes de contato (patch tests) podem ser feitos com látex e com derivados de borracha, contribuindo para diagnóstico de alergia ao látex e aos aditivos da borracha. 
- Nos casos de suspeita de síndrome látex fruta, recomenda-se realizar testes cutâneos com alimentos e em alguns casos, com o alimento in natura. 
- A dosagem da IgE específica para látex no sangue do paciente pode contribuir para o diagnóstico, bem como para monitorização da sensibilidade do paciente. Mas, não substitui o teste cutâneo, de menor custo e maior sensibilidade. 
- Testes de provocação: em geral são realizados com luvas de látex, mas incorre em risco, devendo ser realizado com acompanhamento médico e em ambiente hospitalar. Medidas de prevenção 

O acompanhamento com médico especialista em Alergia é essencial para diagnóstico e controle deste tipo de sensibilidade. Vale ressaltar que pessoas sensibilizadas ao látex não têm maiores riscos com a borracha sintética (elastômeros sintéticos), como por exemplo, neoprene e nitrilo.

Cuidados especiais:

- Evitar ou minimizar o contato com alérgenos do látex. 
- Uso de luvas especiais nos casos suspeitos 
- Preservativos e objetos sem látex 
- Realização de cirurgias em ambientes isentos de látex 
- Os portadores de alergia ao látex devem portar um cartão ou identificação específica. 
Há cerca de 2 anos, a ASBAI e a SBA (Sociedade Brasileira de Anestesiologia), revindicam junto à ANVISA a obrigatoriedade de rótulos de produtosmédicos/hospitalares conterem a informação quanto a presença ou não de látex ("contém látex" ou "não contém látex"). 
Fonte: ASBAI - Imagem: la alergia


Leia mais sobre o tema:
- Alergia a camisinha
- Alergia a luvas
- Alergia ao látex

Comentários

  1. Muito me ajudou! Obrigada

    ResponderExcluir
  2. Que bom que gostou, Maria Cardoso. As suas palavras são um incentivo ao nosso trabalho voluntário. Aproveito a oportunidade para convidar você a assinar nosso blog e receber gratuitamente nossos textos diretamente em seu e-mail

    ResponderExcluir
  3. Boa noite! Cheguei até o blog de vocês porque andei pesquisando sobre alergia ao látex desde que descobri que na banana continha látex (foi a primeira fruta que me deu uns sintomas bem específico) e descobri que outras frutas também contém, assim como algumas verduras... Saberia me informar se há casos registrados de alergia ao látex com efeitos negativos de dor no estômago seguida de diarréia ou vômito (no meu caso quando como alguma fruta ou verdura que contém látex, a dor no estômago só passa depois de pôr pra fora ou através da diarréia ou do vômito), nunca fiz nenhum tipo de teste com médicos, só observando e pesquisando descobri que o que tenho pode ser alergia ao látex, não tenho alergia de contato, só na ingestão mesmo, as frutas que descobri que me dão alergia são: banana, uva e tomate, e mais recentemente com pimentão vermelho, e nas minha observações e testes descobri que só me dá essas reações se estiverem crus, se forem cozidos, nada acontece!
    Desde já agradeço!

    ResponderExcluir
  4. Dah Boa noite O seu relato sugere que possa ser uma alergia relacionada ao látex mas não é possível afirmar sem examinar Recomendo que procure um (a) alergista Gratos por sua participação no Blog da Alergia.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

"Os comentários publicados sistema são de exclusiva e integral responsabilidade e autoria dos leitores que dele fizerem uso. Os autores deste blog reservam-se, desde já, o direito de excluir comentários e textos que julgarem ofensivos, difamatórios, caluniosos, preconceituosos ou de alguma forma prejudiciais a terceiros. Textos de caráter promocional ou sem a devida identificação de seu autor também poderão ser excluídos".

Postagens mais visitadas deste blog

Alergias e reações na pele causadas por plantas

A natureza nos presenteia diariamente com plantas e flores proporcionando uma festa não apenas para os olhos mas para todos os sentidos. A sua utilidade prática é indiscutível e múltipla, seja purificando o ar, seja servindo como alimento ou como base para construção de habitações, na manufatura de mobiliário, utensílios, cosméticos, medicamentos, entre tantas outras aplicações. Se apenas tivessem o papel de embelezar, já seriam fundamentais, aliviando a dureza do cotidiano e transmitindo paz numa convivência harmoniosa de longa data com o ser humano. Mas, em algumas situações, a pele pode desenvolver reações quando entra em contato com plantas e daí pode coçar, se tornar vermelha, apresentar uma erupção cutânea e até inflamar. Estas reações surgem pelo contato com a pele, algumas puramente por irritação direta e outras, por mecanismo alérgico. Até mesmo árvores podem produzir um eczema de contato alérgico, sendo o exemplo mais conhecido a Aroeira, uma árvore de madei

Pitiríase rósea

É uma doença conhecida desde 1860, quando foi descrita por Camille M. Gibert, sendo conhecida também como Pitiríase rósea de Gibert. Não se conhece exatamente a causa, mas parece que a hipótese mais viável é que seja ocasionada por vírus, como por exemplo, o vírus do herpes. Mas, é possível que dependa de uma tendência genética do indivíduo, o que seria um facilitador do aparecimento da doença. Questiona-se também outros mecanismos, envolvendo alguns tipos de medicamentos, autoimune, associação com outras doenças, etc. Fatores psicológicos ou estresse podem facilitar o aparecimento da doença, assim como alterações da imunidade e gravidez. Não é contagiosa. É mais comum em adultos, acometendo mulheres e homens, sendo rara em crianças pequenas e em idosos, ocorrendo preferencialmente na primavera e no outono. O maior problema é que sua evolução pode ser prolongada e durar de semanas a meses, assustando o doente. Em alguns casos pode recidivar, mas não é comum que aconteça Quadro c

Dermografismo

A bolsa pesada marca o seu braço? A roupa apertada, a alça do soutien, o elástico da roupa faz você coçar e empolar? Atenção: pode ser dermografismo! Dermografismo é uma doença da pele que afeta cerca de 5% da população e que se caracteriza pelo aparecimento de coceira intensa em locais de pressão. Após o ato de coçar surgem “lanhos” vermelhos nas pele. É uma forma de urticária, sendo também chamado de urticária factícia ou urticária falsa.A urticária clássica se caracteriza pelo surgimento de placas avermelhadas que se acompanham de coceira na pele, podendo ter causas variadas, como medicamentos, alimentos, certas doenças, entre outras causas – veja post sobre o tema neste mesmo Blog. No caso do dermografismo, após pressão sobre um determinado local no corpo, a coceira surge em primeiro lugar e só depois de se coçar é que surgem as placas. Por isso, é comum que se inicie em locais onde a roupa aperta, elásticos, alça do soutien. O dermografismo faz parte de um grupo de urticárias deno