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Testes Alérgicos



Ao atender um paciente com queixa de alergia, o médico alergista ouve a história da pessoa e dos seus sintomas de forma minuciosa e completa, ou seja, quando iniciou, detalhes sobre as crises (tipo, frequência e intensidade), hábitos, condições ambientais, presença de alergia em outros membros da família, características pessoais, etc.

É mesmo um trabalho de detetive, procurando com argúcia não apenas o tipo da doença, mas o alergeno sensibilizante e as possíveis causas d
a doença. O exame físico cuidadoso completa a base para a definição do diagnóstico.

Partindo dos dados obtidos, o médico poderá solicitar exames que auxiliem sua pesquisa e realizar testes alérgicos.

Testes, portanto, não servem para “descobrir” ou para prever uma alergia, mas sim para complementar a suspeita médica e identificar os agentes provocadores da alergia.

A realização do teste alérgico deve obedece
r normas científicas e utilizar material padronizado, sendo realizado por médico especialista e capacitado para tal. Um teste bem feito é certamente um método valioso e fundamental para o médico, seja para detectar a causa como para orientar o tratamento.

Tipos de testes alérgicos

1- Teste de puntura (ou “prick test”): indicado na suspeita de atopia, alergias respiratórias e alimentares. É um procedimento rápido, seguro e
indolor, realizado no antebraço do paciente. Após limpar o local com álcool, pingam-se algumas gotas dos alergenos e utilizando um puntor, faz-se uma leve picada (puntura ou “prick”) em cada gota. Aguarda-se por cerca de 20 minutos e observa-se a reação no local. O teste é positivo quando surge uma elevação avermelhada na pele, semelhante à uma picada de mosquito.

Os testes mais utilizados por método de puntura são os inalantes (ácaros da poeira, fungos, pelos de animais, penas, lã, gramíneas ou polens, entre outros) e alimentares (leite, ovo, crustáceos, frutas variadas, trigo, centeio, aveia, arroz, amendoim, cacau, entre outros).

2- Teste “prick to prick”: trata-se de uma variação do teste de puntura onde o alergista utiliza alimentos ao natural (frutas e verduras frescas, leite de vaca) para realizar o procedimento.

3- Teste intradérmico: neste caso, o teste é realizado com injeções sob a pele (intradérmicas) utilizando uma seringa de 1ml descartável com agulha fina (10 x 3 ou 10 x 4). Alguns testes são avaliados 15 a 20 minutos após e outros dependem de uma leitura tardia, isto é, com resultados após 48 horas. São testes sensíveis, embora tenham mais chances de provocar reações indesejáveis.

Os testes mais utilizados por método intradérmico são: insetos, bactérias, fungos e testes para avaliação memória e da defesa imunológica.

4-Teste de contato: usados para avaliar alergias da pele, quando se suspeita de uma dermatite o
u de uma urticária de contato. Limpa - se a pele (em geral nas costas) e cola-se o material do teste montado previamente em contensores, protegendo-se o local com fita adesiva micropore. Após 48 horas, o teste é retirado, sendo recomendada a exposição à radiação ultra violeta. O paciente retorna 24 horas após, para avaliação final e orientação dos resultados.

Utiliza-se uma bateria padronizada de substâncias ou
testam-se apenas aquelas que o paciente manipula habitualmente e que se suspeita.Por exemplo, pode-se testar o próprio esmalte de unhas que a pessoa utiliza.

5- Testes de Provocação: consistem em colocar
a substância suspeita diretamente no local onde ocorre a alergia. Utiliza-se a provocação nasal, brônquica, oftálmica ou ingerindo o alergeno. Por exemplo, pede-se ao paciente para ingerir um alimento suspeito ou faz-se uma nebulização com o próprio alergeno. Estes testes são perigosos, devendo ser realizados apenas por alergista treinado e em ambiente hospitalar.

6-Testes no s
angue: são realizados em laboratório, com a coleta do sangue e dosando a presença do anticorpo de alergia (IgE ou imunoglobulina E) específico para cada substância suspeita. É possível realizar esta dosagem para inalantes (ácaros da poeira, fungos, baratas, pelos de animais, etc) alguns alimentos (leite, ovo, frutas, cereais, cacau, etc), veneno de insetos, látex (borracha) e alguns tipos de medicamentos.

Em algumas pessoas, o teste cutâneo precisa ser substituído pela avaliação no sangue, como por exemplo: pessoas que não podem interromper o uso de antialérgicos ou que tenham lesões severas na pele, bem como aquelas que já tiveram
reações graves anteriormente.

O alergista analisará cada caso e definirá a melhor forma de testagem em cada paciente.


Fatores que podem interferir nos testes alérgicos

Muitos fatores podem influenciar no resultado dos testes alérgicos, a começar pela qualidade e tipo do extrato utilizado, que deve ser padronizado
de acordo com as normas nacionais e internacionais. Crianças pequenas e idosos têm mais facilidade em resultados negativos. Além disso, os testes de leitura imediata (puntura e intradérmicos) realizados para inalantes, alimentos e insetos, sofrem a influência de medicamentos, como por exemplo, os antialérgicos, que devem ser suspensos 5 a 7 dias antes. Os testes de contato podem resultar em falso negativo se o paciente estiver em uso de cortisona.

Da mesma forma, as condições da pele e a técnica de realização dos testes poderão influenciar no resultado final. Por exemplo, pessoas portadoras de dermografismo por terem uma pele mais sensível, reagirão de forma exagerada, resultando em falsa-positividade ao teste.

Conclusões

- Testes são procedimentos importantes para auxiliar o médico a identificar os fatores que provocam a alergia.

- Não existe
um teste que sirva para detectar tudo que pode causar alergia numa pessoa.

- Um teste isolado, sem a avaliação clínica feita pe
lo médico, não tem valor.

- Não existe teste para corantes, aditivos alimentares ou que sirva para todos os medicamentos.


O teste realizado de forma adequada e bem indicado é de grande valia, pois define a natureza alérgica dos sintomas, ao mesmo tempo em que avalia o grau de sensibilização. Assim, é possível estabelecer a causa dos sintomas, orientar o tratamento e preparar uma vacina mais adequada (imunoterapia específica).

Comentários

  1. Olá fiz um teste recentemente de alergia de contato, porém eu tenho psoríase e o texto foi feito em cima de algumas lesões, e deu positivo a vários alergênos. Gostaria de saber se o teste pode realmente ser feito onde a lesões?

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  2. Olá!!!! Fiz o teste de alergia, aquele que faz nas costas e deu reação a 6 substâncias. Minha dúvida é o seguinte: Tenho psoriase e o teste foi feito em cima das minhas lesões, e outra nunca tive reação alergia a grande maioria das substâncias. Devo repetir o teste? O teste que feito esta maneira correta? Muito obrigado

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  3. Maxwell É possível realizar o teste de contato se as lesões da psoríase forem discretas e estiverem sob controle. Mas, não há como julgar sem examinar pessoalmente sua pele e avaliar o tipo e grau das reações cutâneas que descreve. Recomendo que retorne ao médico e peça que oriente. Gratos por sua visita ao blog da Alergia.

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  4. Olá, sou alérgica, segundo o teste feito à BHT e dietanolamida de ácido graxo e suas variantes. Não consigo achar sabonete antialérico, hipoalergenico, vegano, organico, etc sem esses dois componentes. Em farmácias não manipulam sabonete, só shampoos. A dermatologista não soube o que me indicar!

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