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Alergias alimentares em idosos: entenda os riscos




A concepção de que as alergias alimentares são problemas predominantemente infantis é desafiada por estudos recentes sugerindo que essa condição não se limita apenas aos mais jovens. Segundo uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai), há uma proporção significativa de adultos e idosos que também sofrem com esse problema. Esta investigação ilumina uma área pouco explorada, ressaltando a importância de se reavaliar o cenário das alergias alimentares dentro da população mais velha.

Os médicos da Asbai conduziram uma pesquisa, a primeira desse tipo no Brasil, em que aplicaram questionários a 632 pessoas com 60 anos ou mais, abrangendo todo o território nacional, de outubro de 2022 a outubro de 2023. O objetivo era compreender a prevalência e o impacto das alergias alimentares na terceira idade, frequentemente desprezadas nas análises médicas.  

Por que as alergias alimentares afetam os idosos?

Conforme as pessoas envelhecem, seu sistema imunológico passa por alterações, um processo conhecido como imunosenescência. Esse envelhecimento natural muitas vezes deixa o organismo mais propenso a respostas autoimunes, que podem incluir alergias alimentares. Adicionalmente, fatores como o uso de medicamentos para condições como refluxo gástrico, que alteram a flora intestinal e reduzem a acidez estomacal, podem também contribuir para o surgimento dessas alergias.

Assim, as mudanças nos padrões de dieta e saúde que acompanham o avanço da idade podem gerar condições para o desenvolvimento ou exacerbação de alergias. Estudos mostraram que, entre os idosos, os alimentos mais frequentemente associados a reações alérgicas são frutos do mar, leite e, surpreendentemente, frutas frescas.

Quais são os sintomas das alergias alimentares na terceira idade?

Os sintomas de alergias alimentares em idosos podem incluir desde reações cutâneas até complicações gastrointestinais, como dor abdominal. Essa última é especialmente difícil de diagnosticar corretamente, uma vez que pode estar associada a uma série de outras condições médicas comuns na idade avançada.

  • Reações cutâneas, como erupções e prurido.
  • Sintomas digestivos, como dor abdominal, diarreia e vômitos.
  • Reações respiratórias, em casos mais severos.

A identificação e tratamento corretos dessas reações é crucial, dados os riscos potenciais para idosos, que frequentemente têm condições cardíacas ou respiratórias preexistentes que podem agravar reações alérgicas.

Desafios e importância do diagnóstico

O estudo da Asbai aponta que, embora as alergias alimentares na terceira idade sejam uma questão emergente, ainda há muito a ser explorado e compreendido. As limitações dos métodos de pesquisa, muitas vezes baseados em relatos dos próprios pacientes, sublinham a necessidade de diagnósticos mais precisos e intervenções adequadas.

O diagnóstico correto é essencial para o tratamento e prevenção de reações severas. Métodos como o teste de provocação oral, considerados padrão-ouro no diagnóstico de alergias, ainda não são amplamente utilizados, especialmente devido à falta de especialistas em alergias no Brasil.

Impactos e perspectivas futuras

Este estudo levanta questões importantes sobre a saúde pública e sugere que maior atenção deve ser dada à educação dos profissionais de saúde e à condução de pesquisas adicionais. As descobertas ressaltam não apenas a necessidade de atenção médica contínua para os idosos, mas também de políticas que garantam melhorias no diagnóstico e tratamento.

Pesquisas futuras poderão revelar mais sobre as causas subjacentes dessas alergias, potencialmente explorando relações com fatores como estilo de vida e mudanças hormonais. O avanço nestas investigações não só trará respostas mais claras, mas também poderá ajudar a mitigar o impacto dessas condições em uma população que deve continuar crescendo nos próximos anos.

Fonte: Terra Brasil

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