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Asma ou bronquite alérgica - esclarecendo mitos



1. “Leite aumenta o muco e agrava a asma”. 
Não. Na maioria dos casos, a dieta tem papel muito pequeno na gestão da asma. Evitar leite e derivados sem critério, pode causar problemas de nutrição, particularmente em crianças. Estudos têm demonstrado que o leite não aumenta a produção de muco nem piora a asma. Em resumo, recomenda-se uma alimentação saudável e equilibrada. Dietas são indicadas apenas para as pessoas portadoras de intolerância ou alergia alimentar comprovada. 

2. “Asma é uma questão de cabeça”. 
Não. A asma é uma doença de origem genética (hereditária) que se acompanha de uma inflamação dos brônquios, que permanece mesmo quando não se sente nada. Esta inflamação faz com que as vias respiratórias se tornem mais sensíveis a fatores ambientais. Fatores emocionais podem provocar crises ou até mesmo agravar a asma, desde que haja base genética para isso. Problemas emocionais não farão uma pessoa ter crise de asma, a menos que ela seja asmática. Existe o outro lado: as crises de asma geram ansiedade, medo, insegurança e terminam por provocar o emocional da pessoa. Portanto, o aspecto emocional deve ser valorizado, mas sem que se pense que seja a única causa da asma. 

3. “Os remédios para asma são fortes, viciam e fazem mal ao coração” 
Não é verdade.
Existem vários tipos de remédios para tratar a asma, mas pode-se dividir em dois grandes grupos: 
1. Remédios aliviadores, ou seja, para aliviar sintomas e tratar as crises da doença 
2. Remédios controladores, que atuam na inflamação dos brônquios, controlando a doença e evitando novas crises. 
As medicações mais adequadas para tratar asma são usadas por via inalada sob a forma de sprays (conhecidas como “bombinhas”), nebulização ou como inaladores de pó seco. Infelizmente o preconceito faz com que as pessoas achem que o uso inalado é prejudicial. Mas, pelo contrário: remédios inalados fazem efeito mais rápido, usam doses mínimas (microgramas) e têm menos efeitos colaterais. A questão é que devem ser usadas de acordo com a orientação médica e no momento certo. Um grande avanço no tratamento da asma foi a descoberta dos corticóides inalados (conhecidos como “bombinhas de cortisona”). Estes remédios não engordam, não viciam e não fazem mal ao coração. Pelo contrário, podem ser usados em adultos e crianças, por tempo prolongado para controlar a inflamação dos brônquios e evitar as crises de asma. 

 4. “A mulher que engravidou tem que parar todos os remédios para asma”. 
Não. A asma deve ser tratada durante a gravidez, a fim de proporcionar condições saudáveis tanto para a mãe como para o bebê até o parto. A crise de asma materna prejudica o fornecimento de oxigênio ao bebê e certamente poderá ser mais prejudicial do que os possíveis efeitos colaterais dos remédios. Por isso, é importante que a gestante asmática seja acompanhada pelo obstetra e pelo médico especialista no tratamento da asma. 

5. “A criança que tem asma não pode comer nada amarelo” 
Não é verdade. Nas décadas de 80 e 90, acreditava-se que a tartarazina (corante amarelo) fosse uma causa de asma. Os estudos científicos não comprovaram esta teoria e hoje este conceito deixou de ser unanimidade. O médico analisará cada caso e indicará uma dieta se for necessário. 

6. “Eu tive asma e curei com simpatia” 
Simpatias não curam. A asma é mesmo assim: tem muitas maneiras de se manifestar: em algumas pessoas é leve, em outras é grave. Os sintomas podem desaparecer por tempo longo, deixando a entender que foi curada. Ou seja, a evolução natural da doença é individual e em algumas pessoas pode dar a impressão que a doença se curou por causa de uma simpatia. 

Comentários

  1. Bom dia! Gostaria de esclarecer algumas duvidas. Podem me passar um email?

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  2. Tire suas dúvidas com a equipe do Blog da Alergia
    Envie um e-mail para: blogdalergia@gmail.com
    Gratos por sua visita.

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  3. Meu filho está com uma tosse a mais de dois anos,isso mesmo gente!dois anos e ninguém descobre a causa. Já tomou todos os tipos de medicamentos e nada. Ele tem cinco aninhos apenas e não aguento mais ve-lo sofrer. Por favor me ajudem.

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  4. Infante: Bom dia. Compreendo sua preocupação, mas peço sua compreensão: não há como emitir um parecer sobre o caso do seu filho através de um aconselhamento por e-mail, sem uma consulta médica realizada pessoalmente. Contudo, gostaria de fazer algumas considerações:
    1) As principais causas de tosse na criança são: alergia, asma (ou bronquite), rinite, sinusite, refluxo, infecções respiratórias, entre outras.
    2) Uma tosse crônica, ou seja, de longa duração, nem sempre é causada por alergia e pode ter mais de uma causa envolvida.
    3) Muitas vezes mesmo após a resolução do que levou a tosse ela pode persistir. Neste caso um acompanhamento se faz necessário para excluir outras doenças ou complicações.
    4) É importante afastar causas alérgicas para a tosse, como por exemplo, fatores ambientais em sua casa, bem como a exposição a irritantes/poluentes como produtos de limpeza, fumaça de cigarro, tintas etc.
    5) As alergias respiratórias, em especial a rinite e a asma (ou bronquite) podem causar tosse.
    Caso você more no Rio, a nossa equipe médica está ao seu dispor na Clínica de Alergia da Policlínica Geral do Rio de Janeiro para avaliar seu filho e prestar maiores esclarecimentos.
    Convido que escreva para nosso e-mail (blogdalergia@gmail.com) e enviaremos para você uma cópia em PDF do livro: “Alergia, doença do século XXI”. Gratos pela sua visita ao Blog da Alergia.

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  5. Anônimo2/6/16 16:30

    Oi boa tarde, minha filha foi diagnosticada com refluxo após várias doenças de repetição através e phmetria. O gastro receitou Nexium 20mg invés de Label. Fico com medo de dar pra ela por não ter pesquisas com crianças abaixo de 12 anos. Será verdade que os médicos recebem de laboratórios para indicar os medicamentos?

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  6. Não tenho condições para avaliar especificamente o caso de sua filha através de um aconselhamento por e-mail, sem uma consulta médica realizada pessoalmente. Contudo, gostaria de fazer duas considerações: 1)Toda medicação, ao ser aprovada pela Anvisa para uso no Brasil, recebe uma bula. Mas, segundo a própria Anvisa, " Podem ocorrer situações de um médico querer tratar pacientes que tenham uma certa condição que, por analogia com outra semelhante, ou por base fisiopatológica, ele acredite possam vir a se beneficiar de um determinado medicamento não aprovado para ela. 2) Quando o medicamento é empregado nas situações descritas acima está caracterizado o uso off label do medicamento, ou seja, o uso não aprovado, que não consta da bula". Caso queira, pode ler neste link o texto completo da Anvisa: http://www.anvisa.gov.br/medicamentos/registro/registro_offlabel.htm
    Ou seja, o médico pode utilizar uma determinada medicação fora das indicações da bula ("off label") se julgar necessário, baseado no exame realizado em seu paciente
    Aconselho que exponha sua preocupação ao pneumologista ou ao pediatra que cuidam do seu filho pois conhecem seus dados clínicos podendo esclarecer de forma adequada. Gratos por sua visita.

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  7. Há anos tenho quadros de alergia principalmente depois de mudanças climáticas e algumas vezes tive q tomar antibiótico pq acabei tendo sinusite.Atualmente fico com bastante tosse e parece q eh a msm coisa q uma médica me disse uma vez algo como" gotejamento pós nasal" quero saber qual melhor tratamento.Não tenho convênio médico e sempre tomo antialérgicos para melhorar e as crises vivem se repetindo as vezes pior ou mais fracas.

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  8. Boa tarde.A melhor forma de tratar qualquer patologia é, em primeiro lugar receber o diagnóstico correto. Tratamentos alérgicos são individualizados de acordo com os sintomas e o exame de cada um, portanto, procure o atendimento de um especialista, ele(a)poderá lhe ajudar. Obrigado pela visita

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