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Esofagite Eosinofílica


 O que é esofagite eosinofílica

A esofagite eosinofílica é uma inflamação no esôfago que concentra um alto índice de células brancas do sistema imunológico.

Estas células são normalmente ligadas às doenças alérgicas e quando levam a uma inflamação no esôfago, elas causam uma espécie de machucado. Por causa deste machucado, as células liberam outras substâncias que provocam uma resposta exagerada do sistema imunológico – que manda mais células brancas e faz com que o problema aumente cada vez mais.

O esôfago é o tubo muscular responsável por levar comida da faringe até o estômago. Para isso ele realiza os movimentos peristálticos, movimentos coordenados pelo sistema nervoso que empurram o bolo alimentar para baixo.

A imunologista Ariana Yang, chefe do ambulatório de Dermatite Atópica do Hospital das Clínicas da USP-SP, explica que a esofagite eosinofílica faz com que a pessoa perca a capacidade de engolir o alimento:“Uma característica de qualquer inflamação é diminuir a função do órgão, se você machucar o seu pé, você fica mancando, a sua função fica prejudicada. Então, esse esôfago com esofagite eosinofílica não consegue fazer os movimentos peristálticos, a função de engolir fica prejudicada. Então, a pessoa come e tem a sensação de que a comida não desce”.

De acordo com ela, muitas pessoas sofrem com a doença e não sabem. Isso porque, quando a inflamação é leve, a pessoa desenvolve mecanismos de compensação:

“Quando a pessoa começa a ter uma inflamação, ela percebe que começa a querer engasgar, e ela compensa a dificuldade para engolir com líquido, por exemplo, e isso passa a ser uma necessidade, ela não consegue comer sem beber alguma coisa. Normalmente a gente não precisa de líquido para engolir, isso é um hábito nosso, não uma necessidade”. Conforme a doença vai avançando, a passagem do alimento começa a ficar cada vez mais difícil e começa a acontecer a impactação alimentar – a comida entala na garganta ou no peito.

“Este é o sintoma mais típico, a pessoa come e não consegue engolir, a comida para na garganta ou para no peito, fica entalada. Alguns pacientes acabam indo para a emergência, pensam que estão infartando porque junto vem uma dor forte, suor frio. É extremamente desagradável, os pacientes descrevem como algo terrível”.

A doença pode começar a se manifestar em qualquer idade. No bebê o sintoma mais comum é um tipo de refluxo que mesmo quando é tratado, não melhora.Entre as crianças, os sintomas mais comuns são dor abdominal, engasgo e vômito, além de dificuldade de comer. Nos adultos é mais comum a disfagia, que é a dificuldade para engolir, e a impactação alimentar.


Desconhecimento de médicos e pacientes

Como é uma doença nova, o conhecimento sobre esofagite eosinofílica ainda é restrito ao grupo de especialistas em doenças do sistema gastrointestinal ou alergistas e imunologistas.

Muitas vezes, a dificuldade para engolir é associada ao câncer de esôfago, mas hoje essa doença é a primeira causa de dificuldade para engolir e impactação alimentar em adultos.

O desconhecimento da doença acaba acarretando dificuldade de diagnóstico. Depois que a suspeita de câncer é eliminada, muitos médicos ficam sem conseguir explicar a causa do problema. Isso acaba levando pacientes para os consultórios de psicólogos e psiquiatras.

Sem diagnóstico, o paciente começa a pensar que é psicológico, é da cabeça, mesmo quando entala, quando começa a passar mal e vai para uma emergência, pensa que é o estresse e a ansiedade que estão deixando um bolo na garganta, explica a imunologista.

Sem um tratamento adequado, os sintomas vão ficando cada vez mais fortes.

"Esta doença é mais difundida entre alergistas e gastroenterologistas, mas é importante que pediatras, clínicos e, principalmente médicos que trabalham em emergências se interessem e estudem o assunto", alerta a médica.


Tratamento

Quando uma doença é identificada, começam a ser feitos estudos para o desenvolvimento de medicamentos que possam controlar ou curar o problema, isso pode levar tempo.Como a esofagite eosinofílica é uma doença muito nova, estes estudos ainda não foram concluídos. Portanto, não existe, no mundo, um medicamento com indicação específica para a doença.

Atualmente, o tratamento é feito com a mesma medicação usada para asma, que são basicamente corticoides. Alguns pacientes com sintomas mais leves melhoram com dieta. Como é uma doença muito associada à alergia alimentar, a retirada dos alimentos causadores da alergia pode ser o suficiente para controlar a doença, mas isso não acontece em todos os casos. Entre os alimentos que costumam causar este tipo de reação, estão o leite, trigo, ovo, soja, peixe, camarão, amendoim e castanha. O leite é o principal alimento envolvido.


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