Pular para o conteúdo principal

Imunoterapia com alérgenos - vacina para alergia

- O que Imunoterapia? 
 A imunoterapia com alérgenos, também chamada de vacina para alergia, é uma forma de tratamento utilizada há mais de 50 anos com o objetivo de diminuir a sensibilidade de pessoas que se tornaram alérgicas a determinadas substâncias. O tratamento consiste na aplicação de alérgeno ao qual o paciente é sensível em doses crescentes por um período de tempo que é variável ( 1 a 3 anos). A imunoterrapia induz uma série de alterações na resposta imune que estão associadas à melhora clínica. 

- O que é alergia? 
Alergia é uma reação do sistema imunológico. Uma das apresentações mais comuns de alergia é caracterizada pela formação de anticorpos de uma determinada classe de proteína, chamada de imunoglobulina E (IgE). Estes anticorpos são específicos para componentes (alérgenos) do ambiente, como os ácaros da poeira, pólens, fungos, alimentos e insetos. 

- De que forma a Alergia pode se manifestar? 

Uma vez que a pessoa tenha se sensibilizado (formado anticorpos IgE), a reação alérgica pode ocorrer de forma imediata após o contato com o agente (alérgeno) ou se estabelecer lentamente vindo a se manifestar de forma contínua. Isto depende do grau de sensibilização (quantidade de anticorpos IgE), do tipo de alérgeno que suscitou a reação e da frequência do contato com o mesmo. 
Exemplo de manifestação aguda e potencialmente grave é a reação anafilática que pode ser desencadeada por alimentos, medicamentos e por insetos, como abelhas, vespas (marimbondos) e formigas. Por outro lado, a asma e a rinite alérgica ou rinoconjuntivite alérgica são exemplos de manifestações alérgicas que ocorrem de forma crônica por exposição contínua a alérgenos do ambiente derivados de ácaros, pólens e fungos do ar, entre outros. 

- Qual o objetivo da Imunoterapia? 
A imunoterapia procura reduzir o grau de sensibilização (nível de anticorpos IgE e da reação nos tecidos) impedindo reações alérgicas imediatas graves - como a anafilaxia - e, também, interferir na inflamação característica das condições alérgicas de longa evolução observadas na rinite alérgica e na asma brônquica. 

- Quando a imunoterapia pode ser indicada? 

A imunoterapia pode ser indicada para pessoas sensíveis aos ácaros da poeira doméstica, pólens, fungos e venenos de insetos (abelhas, vespas, marimbondos e formigas). De modo geral, a sensibilização a estes alérgenos está associada a manifestações respiratórias (rinite e asma) e a reações graves, como a anafilaxia por picada de insetos. 
Não há indicação de imunoterapia na maior parte dos casos de alergia alimentar e nas alergias de contato. 

A indicação da imunoterapia deve ser fundamentada: 
 1- na comprovação da sensibilização (presença de anticorpos IgE para os alérgenos), 
 2- na avaliação da importância da alergia no quadro clínico do paciente e 
 3- na disponibilidade do alérgeno para o tratamento. 

É importante ressaltar que as vacinas com alérgenos não devem ser aplicadas como forma isolada de tratamento. Ao contrário, a abordagem do paciente alérgico deve contemplar medidas de controle da exposição a alérgenos e o uso de medicamentos para controle e prevenção das manifestações clínicas. Desta forma, a imunoterapia com alérgenos deve ser considerada como parte de um plano de tratamento que inclui medidas de controle ambiental e farmacoterapia. 
A impossibilidade do afastamento total do contato com o alérgeno, a intensidade das manifestações clínicas que determinem necessidade de medicação constante e a concordância do paciente em receber imunoterapia são fatores que devem ser analisados na indicação da imunoterapia com alérgenos. 

Quais os benefícios da Imunoterapia? 
A modificação da resposta imune do paciente alérgico é o ponto de capital interesse da imunoterapia. Muitos estudos demonstram a eficácia da imunoterapia com alérgenos na rinite, na asma e nos quadros de alergia a veneno de insetos. 
As vacinas para alergia provocam diminuição dos sintomas de rinite e asma, com melhora perceptível na qualidade de vida da pessoa alérgica. Em pacientes com rinite existem estudos demonstrando que a imunoterapia pode prevenir o surgimento de sensibilização para outros alérgenos e também impedir a evolução de rinite para asma. 
O emprego de imunoterapia com veneno de insetos é muito eficaz em bloquear a reatividade do alérgico, provocando o desaparecimento da sensibilização alérgica. 

Por que fazer Imunoterapia? 
A sensibilização (formação de anticorpos IgE) para alérgenos do ambiente é fenômeno duradouro. É difícil controlar totalmente a exposição a alérgenos ambientais. Desta forma, a continuação do contato determina a perpetuação da reação imune nos tecidos (mucosa nasal, conjuntivas, brônquios). 

A Organização Mundial da Saúde (OMS), em relatório elaborado por especialistas internacionais, endossou o emprego das vacinas com alérgenos: 
1- em pacientes que apresentam reações graves (anafiláticas) a insetos (abelhas, vespas, marimbondos e formigas) e 
2- nos indivíduos sensíveis a alérgenos ambientais que apresentem manifestações clínicas, como rinite, asma, conjuntivite, etc. 

Qual a melhor forma de aplicação de Imunoterapia? 
O método mais utilizado de aplicação de imunoterapia é através de injeções subcutâneas.
Estudos recentes com vacinas orais tem demonstrado efeito similar às preparações injetáveis. É necessário alertar que as vacinas com alérgenos não são disponíveis em farmácias. A pessoa alérgica somente tem acesso a esta forma de tratamento através de indicação e orientação médica detalhada. 
A duração da imunoterapia após a obtenção do máximo efeito clínico ainda não foi estabelecida. Para muitos deveria ser de 3 a 5 anos. Outros advogam tempo maior de aplicação. A decisão sobre a duração do tratamento deve ser tomada em bases individuais. 

Quem deve orientar a Imunoterapia
Para fazer a orientação adequada de imunoterapia o médico deve estar familiarizado com alérgenos relevantes na região e com métodos apropriados de diagnóstico. 
A escolha do(s) alérgeno(s) para imunoterapia deve ser baseada na identificação da presença de anticorpos IgE específicos (através de testes cutâneos, preferencialmente) para alérgenos ambientais de importância na região. 

As alergias respiratórias no Brasil estão associadas à sensibilização aos ácaros da poeira doméstica, principalmente. No sul do Brasil se detecta a ocorrência de polinose, sendo as gramíneas as principais responsáveis. Para orientar a aplicação de imunoterapia o médico deve ter capacitação específica. 

A imunoterapia com alérgenos é acompanhada de riscos. Ao iniciar imunoterapia o paciente deverá ser informado desta possibilidade e o médico deve estar preparado para tratar reações adversas, que podem ser graves. Reações locais são comuns e pode ocorrer urticária. Alguns pacientes apresentam agravamento transitório da manifestação clínica após aplicação do extrato alergênico. Nestas condições é necessário ajustar a dose de alérgeno empregada. 

Existem contra-indicações à Imunoterapia? 
Em pacientes que também sofram de asma é necessário cautela ainda maior, uma vez que apresentam maior risco de desenvolver reações. Por isso, pacientes com asma não controlada ou em crise de asma não devem receber aplicação de imunoterapia. 
A imunoterapia é contra-indicada em pacientes com doença coronariana, em pessoas que usem determinado grupo de anti-hipertensivo (betabloqueadores) ou que sofram de outras doenças do sistema imunológico, tais como imunodeficiências e doenças autoimunes. Fonte: ASBAI

Comentários

  1. Sabem me indicar um médico em Florianópolis que faça este tipo de tratamento? Obrigada!

    ResponderExcluir
  2. Para localizar os médicos portadores de título de especialista em Florianópolis, sugiro que acesse o site da ASBAI: www.sbai.org.br Procure a aba onde está escrito: "Público" e depois clique em “Localize um especialista”. Abrirá um campo para preencher os dados: clique no Estado desejado (UF) e depois escolha a cidade. Ao final, clique em "Enviar" e abrirá uma lista com os nomes de especialistas na localidade desejada. Gratos pela visita.

    ResponderExcluir
  3. Eu fui curado de muitas alergias porque tomei vacina durante 2 anos, eu tinha 8000 de n sei oq, diminuiu para 3000 e meu medico disse que preciso continuar, mas agora surgiu pinicaçoes no meu corpo mas manchas nao ou bolinhas nao aparecem e minha pele é muito ressecada, e quando faço atividade fisica ou saio no sol, começa a pinicar.
    Por favor me ajude, oq devo fazer?

    ResponderExcluir
  4. Maria salete1/8/14 16:55

    Boa tarde! Gostaria de saber o seguinte, tenho rinite e sinusite há bastante tempo. Mas de um ano pra cá comecei a ter um pigarro constante e um chiado no peito, como se fosse asma, fico pior quando entre em contato com alguma coisa que me dê alergia. Mas há um ano eu comecei com uma urticária, no decorrer do ano tive poucas manifestações. Mas de um mês pra cá,comecei a ter todos os dias. Fui no médico e ele me receitou loratadina e prednisona. Usei por 10 dias e parei, só que as crise voltaram e ele mandou eu usar só a loratadina. Quanto tempo posso fazer uso de antialérgico? Obrigada pela atenção. Aguardo resposta

    ResponderExcluir
  5. Maria Salete: loratadina é um antihistamínico (antialérgico) seguro com poucos efeitos colaterais, mesmo no uso prolongado. O tempo de uso varia em cada pessoa. O seu médico indicará o tempo adequado para seu caso. Gratos por sua visita.

    ResponderExcluir
  6. Bom dia,
    Meu filho de apenas 6 meses tem alergia a leite de vaca. O médico alergologista indicou esse tratamento a ele, mas até agora não vi nenhum post falando da vacina sobre alergicos a leite. Funciona do mesmo jeito?
    Qual é o valor aproximado de cada dosagem?
    Att,
    Gabi

    ResponderExcluir
  7. Gabriela: o tratamento da alergia ao leite de vaca implica no afastamento dos alimentos que contenham as proteínas do leite. Sugiro que visite o site: http://www.alergiaaoleitedevaca.com.br/
    Este tipo de alergia alimentar pode desaparecer com a idade em algumas crianças. Não há uma vacina específica com este fim, em especial na faixa etária do seu filho. Convido que escreva para nosso e-mail (blogdalergia@gmail.com) e enviaremos para você uma cópia em PDF do livro: “Alergia, doença do século XXI”. Gratos pela sua visita ao Blog da Alergia.

    ResponderExcluir
  8. Faço o tratamento a 2 anos, e já estou na vacina mais forte tomada a cada 20 dias, porém está com um bom tempo (4 meses) que não tomo mais. No caso, devo começar o tratamento do início ou devo continuar?

    ResponderExcluir
  9. Se o tratamento está interrompido há 4 meses, é indicado que seja reiniciado sob a orientação do seu alergista. Para definir a dose, é preciso avaliar e definir o grau de controle da doença. Gratos por sua visita.

    ResponderExcluir
  10. Boa tarde meu nome é Juliana tenho um filho de 13 anos ele é muito alérgico a ácaro. Vou começar a fazer aplicação da vacina nele qual a possibilidade de dar certo

    ResponderExcluir
  11. Juliana: boa noite A imunoterapia é eficaz no tratamento de pessoas sensíveis aos ácaros da poeira doméstica, pólens, fungos e venenos de insetos (abelhas, vespas, marimbondos e formigas). Vale ressaltar que a imunoterapia com alérgenos deve ser considerada como parte de um plano de tratamento que inclui medidas de controle ambiental e uso de remédios para controle da doença. Agradecemos sua visita ao Blog da Alergia.

    ResponderExcluir
  12. Existe Imunoterapia para Dermatite Atopica??

    ResponderExcluir
  13. Bruna: a imunoterapia específica com alérgenos pode ser usada no tratamento da dermatite atópica em associação com alergia respiratória. Gratos por sua visita.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

"Os comentários publicados sistema são de exclusiva e integral responsabilidade e autoria dos leitores que dele fizerem uso. Os autores deste blog reservam-se, desde já, o direito de excluir comentários e textos que julgarem ofensivos, difamatórios, caluniosos, preconceituosos ou de alguma forma prejudiciais a terceiros. Textos de caráter promocional ou sem a devida identificação de seu autor também poderão ser excluídos".

Postagens mais visitadas deste blog

Alergias e reações na pele causadas por plantas

A natureza nos presenteia diariamente com plantas e flores proporcionando uma festa não apenas para os olhos mas para todos os sentidos. A sua utilidade prática é indiscutível e múltipla, seja purificando o ar, seja servindo como alimento ou como base para construção de habitações, na manufatura de mobiliário, utensílios, cosméticos, medicamentos, entre tantas outras aplicações. Se apenas tivessem o papel de embelezar, já seriam fundamentais, aliviando a dureza do cotidiano e transmitindo paz numa convivência harmoniosa de longa data com o ser humano. Mas, em algumas situações, a pele pode desenvolver reações quando entra em contato com plantas e daí pode coçar, se tornar vermelha, apresentar uma erupção cutânea e até inflamar. Estas reações surgem pelo contato com a pele, algumas puramente por irritação direta e outras, por mecanismo alérgico. Até mesmo árvores podem produzir um eczema de contato alérgico, sendo o exemplo mais conhecido a Aroeira, uma árvore de madei

Pitiríase rósea

É uma doença conhecida desde 1860, quando foi descrita por Camille M. Gibert, sendo conhecida também como Pitiríase rósea de Gibert. Não se conhece exatamente a causa, mas parece que a hipótese mais viável é que seja ocasionada por vírus, como por exemplo, o vírus do herpes. Mas, é possível que dependa de uma tendência genética do indivíduo, o que seria um facilitador do aparecimento da doença. Questiona-se também outros mecanismos, envolvendo alguns tipos de medicamentos, autoimune, associação com outras doenças, etc. Fatores psicológicos ou estresse podem facilitar o aparecimento da doença, assim como alterações da imunidade e gravidez. Não é contagiosa. É mais comum em adultos, acometendo mulheres e homens, sendo rara em crianças pequenas e em idosos, ocorrendo preferencialmente na primavera e no outono. O maior problema é que sua evolução pode ser prolongada e durar de semanas a meses, assustando o doente. Em alguns casos pode recidivar, mas não é comum que aconteça Quadro c

Dermografismo

A bolsa pesada marca o seu braço? A roupa apertada, a alça do soutien, o elástico da roupa faz você coçar e empolar? Atenção: pode ser dermografismo! Dermografismo é uma doença da pele que afeta cerca de 5% da população e que se caracteriza pelo aparecimento de coceira intensa em locais de pressão. Após o ato de coçar surgem “lanhos” vermelhos nas pele. É uma forma de urticária, sendo também chamado de urticária factícia ou urticária falsa.A urticária clássica se caracteriza pelo surgimento de placas avermelhadas que se acompanham de coceira na pele, podendo ter causas variadas, como medicamentos, alimentos, certas doenças, entre outras causas – veja post sobre o tema neste mesmo Blog. No caso do dermografismo, após pressão sobre um determinado local no corpo, a coceira surge em primeiro lugar e só depois de se coçar é que surgem as placas. Por isso, é comum que se inicie em locais onde a roupa aperta, elásticos, alça do soutien. O dermografismo faz parte de um grupo de urticárias deno