A Organização Mundial de Saúde lançou um alerta: o Rio de Janeiro tem um índice de poluição do ar três vezes superior aos níveis recomendados e pior que o da cidade de São Paulo, que por sua vez ultrapassa em duas vezes este mesmo índice.
De 91 países avaliados, o Brasil é o 44° com maior índice médio de poluição do ar. Entre as 1,1 mil cidades avaliadas, o Rio de janeiro ocupa a 144ª colocação entre as mais poluídas: por cada metro cúbico de ar a taxa é de 64 microgramas de poluição, sendo que para a OMS, o ideal seria uma taxa de apenas 20 por metro cúbico de ar.
Uma das causas dessa poluição é a fumaça produzida pelos carros.
Os índices altos de poluição se relacionam diretamente com o aumento de doenças respiratórias. O Brasil é o nono país do mundo em mortes por problemas respiratórios.
E, no caso das doenças alérgicas, como atua a poluição?
O trabalho publicado recentemente por um dos médicos da equipe da Clínica de Alergia da Policlínica Geral do Rio de Janeiro, Dr. José Luiz Rios aborda este tema.
É sabido que a poluição atua como um irritante das vias respiratórias, podendo agravar uma doença alérgica já existente. A questão mais polêmica é saber se a poluição atmosférica seria capaz de induzir a sensibilização a um antígeno, de forma a provocar uma resposta alérgica e contribuir para o aparecimento de alergia e não só intensificando uma doença já instalada anteriormente.
No Japão, não existia polinose no fim da Segunda Guerra Mundial. Hoje sua prevalência supera 10% da população. Este aumento é impressionante coincide com o grande aumento do número de veículos a diesel no país. E mais: foi demonstrado que a incidência de alergia ao pólen é maior nas pessoas que residem ao longo de rodovias de tráfego intenso cercadas de árvores (Japanese cedar, um tipo de cedro japonês) comparados às pessoas moradoras em áreas de florestas com grande quantidade desta mesma árvore, porém com menor tráfego de veículos.
No Rio de Janeiro, os autores constataram maior prevalência de asma em crianças moradoras de Duque de Caxias (área mais poluída) em comparação com crianças residentes em Seropédica (município com atmosfera não poluída).
Estudos recentes mostram crescentes evidências que a exposição ao ar poluído seria capaz de alterar determinadas células chamadas regulatórias ou Tregs, que têm ação protetora nos brônquios. Além disso, as evidências apontam que a exposição às partículas de diesel é capaz de promover a sensibilização alérgica.
Concluindo, os poluentes atmosféricos como o ozônio e as partículas de diesel podem estar associados não apenas à piora da doença mas também ao aumento da prevalência da asma. Da mesma forma, estes poluentes são capazes de induzir ao longo dos anos alterações na resposta à sensibilização a alérgenos, contribuindo para o aumento da prevalência de doenças alérgicas.
A poluição é um grave problema de saúde ambiental. Governantes, legisladores e a população em geral devem ter em mente que reverter este quadro é possível, mas necessita interesse e união de todos nesta luta.
Fonte: Rev. bras.alerg.imunopatol.34,nº2,2011
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