Queimadas são uma realidade em grande parte do território brasileiro, em especial nas áreas de cultivo e pastagem ou mesmo nas cidades onde ainda predomina este hábito. Mas infelizmente, esta atividade é capaz de provocar reflexos nocivos aos alérgicos, seja pela intensa ação irritante exercida pela fumaça como pelas elevadas concentrações de poluentes atmosféricos e de gases nocivos à saúde humana.
Uma pesquisa foi realizada em Mato Grosso, em Cuiabá e Alta Floresta, na época das queimadas. O local foi escolhido porque nessa região as concentrações das fumaças provenientes dos incêndios florestais podem ser tão elevadas a ponto de alterar a visibilidade e fechar os aeroportos da região. Durante o estudo, foram avaliados 16.913 prontuários do Hospital e pronto socorro municipal de Cuiabá (HPSMC) que dá assistência à cidade e às regiões circunvizinhas, relacionando o numero de atendimentos (ambulatoriais e internações) das crianças menores de cinco anos com asma durante os meses de maio a novembro. Em relação às informações sobre os números de focos de calor (queimadas), retiraram-se dados dos relatórios do IBAMA-MT, meses de maio a novembro na cidade de Cuiabá e nos municípios circunvizinhos, e que corresponderam a um dos maiores índices de queimadas registrados nessa região.
Os efeitos poluição atmosférica podem ser sentidos sobre a pele, mucosas, aparelhos respiratórios, cardiovascular e sistema nervoso central, causando diversos tipos de afecções. Contudo, o pulmão é o órgão que mais sofre o impacto dos poluentes atmosféricos em virtude de possuir a maior área de contato com o ambiente externo e por receber mais de 10.000 litros de ar/dia, num volume de ar inalado na ordem de 500 a 600 litros de ar por hora.
A asma é uma doença que resulta da interação entre a genética (hereditariedade) e o ambiente, seja pela exposição a aeroalérgenos como a substâncias irritantes, entre outros fatores, que provocam e/ou mantém a hiperreatividade brônquica Assim, as partículas de aerossóis emitidos pelas queimadas podem atuar como verdadeiros gatilhos de crises nas pessoas asmáticas que residem próximas.
Os pesquisadores constataram maior número de atendimentos ambulatoriais e internações quando houve maior número de focos de calor, denotando a influência destes poluentes sobre as crianças asmáticas consultadas no hospital, já que durante as queimadas, o ar inspirado no município de Cuiabá e seus arredores fica intensamente poluído, tornando estas crianças um grupo suscetível aos efeitos desses gases.
De acordo com informações da Secretaria de Saúde de Cuiabá, em 2010 houve um aumento de aproximadamente 300% nos procedimentos de nebulização em atendimentos de pronto socorro realizados entre 2005 e 2010. Concluindo, a inalação das partículas emitidas pelas queimadas é nociva pois intensifica a hiperreatividade dos brônquios, aumenta a sensibilidade da mucosa respiratória, podendo agravar a asma e outras alergias respiratórias.
Percebi isso muito claramente quando trabalhei no interior de São Paulo, na região de Ribeirão Preto. A queima da cana-de-açúcar é a regra em lavouras não mecanizadas, porque sem isso o corte fica muito mais trabalhoso. (Queimando a cana o corte já é um trabalho dos mais pesados que existe.) E quando as fazendas começam a queimar a cana (são duas colheitas por ano) os asmáticos começam a aparecer nas unidades de saúde, nos pronto-atendimentos, nos consultórios... Depois que voltei para o Espírito Santo percebi uma diminuição dramática na minha quantidade de pacientes com asma persistente.
ResponderExcluirLá em São Paulo, o estado e os municípios e os municípios têm regras que limitam a queima da cana-de-açúcar, mas as fazendas queimam a cana depois das 18 horas, quando já não há mais fiscalização. De qualquer forma, a tendência é a mecanização das lavouras, o que significa menos queimadas, assim como menos safristas (trabalhadores rurais por empreitada).
Obrigado por sua contribuição ao nosso Blog, caro Leonardo.Umabraço. Volte sempre!
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