Em novembro fazem dois anos que consegui, de novo, parar de fumar. A primeira vez foi de março de 2001 a outubro de 2004. Voltei de bobeira, numa rodada de chopp com amigos queridos achando que ia fumar só naquela noite e pronto. Que nada... Tomei um porre de nicotina e dois meses depois tava lá eu comprando cigarros de novo.
Depois de tanto esforço: amarguei com uma síndrome de abstinência, engordei, gastei um dinheirão com anti-depressivos.
Meu histórico familiar é da pior qualidade no aspecto circulatório com pai e irmãos cardiopatas graves. E eu, asmática “sob controle”. Mas, não largava meu cigarrinho de jeito nenhum.
Em maio de 2007, um irmão dois anos mais velho que eu fura a fila natural e morre em decorrência de problemas cardíacos. “Agora somos cinco e eu sou a caçula, pensei”. No mês seguinte, levados pelo medo, todos fizemos os chek ups e no meu apareceu um monte de placas de gorduras em artérias “importantes”, como dizem os médicos.
Ah, eu não disse ainda, sou jornalista, profissão light, serena, quase sem stress. À época eu estava trabalhando em uma campanha eleitoral de um candidato a prefeito. Momento excelente para deixar de fumar, com certeza. Com exames de sangue e tomografias debaixo do braço segui o alerta de meu Clínico Geral do Rio e busquei um cardiologista, aqui em Porto Alegre, onde agora moro. Veredicto: “Arteroesclerose, 46 anos, sobrepeso...
- "Ou a senhora para de fumar ou a senhora morre”, sentenciou o médico.
- Assim ? Sem anestesia, doutor? O senhor nem vai dizer o tradicional discurso “cigarro dá câncer, enfisema...”
E fiquei eu olhando pra ele aos prantos sem ter me dado conta até aquele instante que a fumaça do meu saboroso e inebriante cigarro também estava entupindo minhas veias e podendo me matar a qualquer momento.
Saí do consultório atordoada, pensando em minha família e no tanto que sofremos com a morte de meu mano. Querendo ou não, uma parte por conta do tabagismo. Claro que pensei também em minha própria vida. Aí escolhi: vou viver sem as veias entupidas, pelo menos não pela fumaça do cigarro.
Busquei ajuda no cardiologista e entrei para o programa de Antitabagismo da Santa Casa de Porto Alegre que durante o primeiro ano muito me ajudou. No Rio, minha alergista continuava na torcida virtual para que eu conseguisse de novo vencer o vício e manteve o incentivo para eu não esmorecer. Consegui, com muito esforço.
Há três meses perdi outro irmão, vítima de um AVC fulminante com grande participação do tabagismo. Ele não conseguiu parar de fumar ...
Hoje, com quase dois anos de pulmões limpos reconheço a grande lição: não dar a primeira tragada!
Pra mim, o cigarro é passado. Tenho um vidão me esperando, mas não custa nada a gente se manter alerta.
Este texto foi escrito pela Jornalista Lígia de Carvalho.
A propósito, em 22 de Junho de 2010, foi aprovada nos Estados Unidos a lei que impede que cigarros estampem na embalagem as palavras: baixos teores, light, suave, entre outros. E que fique bem claro: Não existe cigarro "bonzinho"!
Depois de tanto esforço: amarguei com uma síndrome de abstinência, engordei, gastei um dinheirão com anti-depressivos.
Meu histórico familiar é da pior qualidade no aspecto circulatório com pai e irmãos cardiopatas graves. E eu, asmática “sob controle”. Mas, não largava meu cigarrinho de jeito nenhum.
Em maio de 2007, um irmão dois anos mais velho que eu fura a fila natural e morre em decorrência de problemas cardíacos. “Agora somos cinco e eu sou a caçula, pensei”. No mês seguinte, levados pelo medo, todos fizemos os chek ups e no meu apareceu um monte de placas de gorduras em artérias “importantes”, como dizem os médicos.
Ah, eu não disse ainda, sou jornalista, profissão light, serena, quase sem stress. À época eu estava trabalhando em uma campanha eleitoral de um candidato a prefeito. Momento excelente para deixar de fumar, com certeza. Com exames de sangue e tomografias debaixo do braço segui o alerta de meu Clínico Geral do Rio e busquei um cardiologista, aqui em Porto Alegre, onde agora moro. Veredicto: “Arteroesclerose, 46 anos, sobrepeso...
- "Ou a senhora para de fumar ou a senhora morre”, sentenciou o médico.
- Assim ? Sem anestesia, doutor? O senhor nem vai dizer o tradicional discurso “cigarro dá câncer, enfisema...”
E fiquei eu olhando pra ele aos prantos sem ter me dado conta até aquele instante que a fumaça do meu saboroso e inebriante cigarro também estava entupindo minhas veias e podendo me matar a qualquer momento.
Saí do consultório atordoada, pensando em minha família e no tanto que sofremos com a morte de meu mano. Querendo ou não, uma parte por conta do tabagismo. Claro que pensei também em minha própria vida. Aí escolhi: vou viver sem as veias entupidas, pelo menos não pela fumaça do cigarro.
Busquei ajuda no cardiologista e entrei para o programa de Antitabagismo da Santa Casa de Porto Alegre que durante o primeiro ano muito me ajudou. No Rio, minha alergista continuava na torcida virtual para que eu conseguisse de novo vencer o vício e manteve o incentivo para eu não esmorecer. Consegui, com muito esforço.
Há três meses perdi outro irmão, vítima de um AVC fulminante com grande participação do tabagismo. Ele não conseguiu parar de fumar ...
Hoje, com quase dois anos de pulmões limpos reconheço a grande lição: não dar a primeira tragada!
Pra mim, o cigarro é passado. Tenho um vidão me esperando, mas não custa nada a gente se manter alerta.
Este texto foi escrito pela Jornalista Lígia de Carvalho.
A propósito, em 22 de Junho de 2010, foi aprovada nos Estados Unidos a lei que impede que cigarros estampem na embalagem as palavras: baixos teores, light, suave, entre outros. E que fique bem claro: Não existe cigarro "bonzinho"!
Ótimo testemunho, espero que muitos fumantes e ex-fumantes o leiam!
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