Na década de 60, a grande maioria dos pacientes com sintomas de alergia respiratória era constituida por crianças. O tratamento da asma e da rinite era incipiente e incluia: banho frio, natação, medidas para controle da poeira de casa, remédios à base de efedrina e vacinas com extratos da poeira de casa. O resultado desta terapêutica era satisfatório, mas insuficiente e muitos sofriam com a doença.
A partir da década de 70 tudo começou a mudar: os ácaros foram descobertos como o elemento sensibilizante da poeira domiciliar e as vacinas (imunoterapia) se tormaram mais específicas, com reflexos positivos no tratamento das alergias respiratórias. O surgimento dos sprays de cortisona dosificados em microgramas e depois em terapias combinadas veio mudar o panorama, transformando a asma e a rinite em doenças quase “domesticadas”.
Outras manifestações alérgicas, na pele e no aparelho gastrointestinal, corriam em paralelo com os casos de asma e rinite, com significativa dificuldade no seu equacionamento. Uma nova revolução terapêutica surgiu com os cremes e pomadas de cortisona para tratamento da dermatite atópica (eczema infantil). A alergia ao leite de vaca foi melhor equacionada, cresceu o estímulo ao aleitamento materno, ao mesmo tempo em que surgiram fórmulas lácteas adaptadas e fórmulas com soja, melhorando o prognóstico das alergias gastrintestinais.
Mas, curiosamente, os livros e publicações sobre alergia se limitavam às crianças e adultos, referindo, quando muito, os idosos até os 60 anos. A alergia era muitas vezes conhecida como uma “doença infantil”. Esta mentalidade se modificou progressivamente, na medida em que a perspectiva de vida se expandiu. Com isso, os processos alérgicos galgaram novas posições etárias e pessoas com 70, 80 e até 90 anos passaram a constituir um importante contingente de pacientes com alergia.
Paralelamente, ocorreu um grande progresso em remédios e recursos na medicina, que contribuiram para a melhora da qualidade de vida, mas se refletiu em um aumento nas reações alérgicas a medicamentos, constituindo um novo ramo de atuação do alergista.
Reações medicamentosas (alérgicas ou não), podem acometer qualquer órgão ou sistema do organismo, mas na alergia predominam as manifestações cutâneas, desde urticárias até farmacodermias graves e potencialmente fatais. Infelizmente neste campo a ajuda de exames laboratoriais e testes ainda é insuficiente para a apuração diagnóstica, restando ao alergista experiente o papel de investigador na busca do medicamento suspeito.
Hoje, a alergia no idoso é um importante campo de atuação para médicos alergistas.E, o mais importante: idosos pedem uma atenção especial pois, além da alergia trazem uma bagagem respeitável de outras doenças – cardiovasculares, gastrointestinais, respiratórias, endócrinas, entre outras, complicando a manifestação clínica.
O médico especialista em alergia acompanha seus pacientes em qualquer idade, da criança ao idoso e atua como um “clínico geral especializado” face à multiplicidade dos processos alérgicos.
Pois é... e eu que estou chegando nos 60!!!
ResponderExcluirEntão eu lhe digo: prevenir é melhor do que remediar. Vamos nos cuidar para que possa ter uma terceira idade saudável! Obrigada pela visita, querido amigo.
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