Fraldas fazem parte do cotidiano de todo bebê. E, quando o bumbum fica irritado e avermelhado no local coberto pelas fraldas, surge a dúvida: será uma alergia? A resposta é: não, a dermatite de fraldas não é causada por alergia. Para entender melhor o problema, faremos algumas considerações:
1. O que significa dermatite de fralda?
A expressão “dermatite de fralda” não é específica. Serve para definir qualquer tipo de erupção (independente da causa) que surja no local do corpo coberto pela fralda, ou seja: área genital, nádegas, podendo se estender para a região final da barriga e parte das coxas. Para facilitar o entendimento, pde ser dividida em 4 tipos bem diferentes:
- Dermatite de fralda primária ou verdadeira: causada diretamente pela irritação do uso da fralda. Este é o tema deste texto.
- Dermatite pré-existente piorada pelo uso da fralda: uma pessoa portadora de outras doenças da pele pode piorar com o uso da fralda surgindo lesões que confundem o diagnóstico. Por exemplo, eczemas, miliária, psoríase, etc.
- Alergia de contato ao material da fralda ou à produtos usados na higiene (rara)
- Doenças que se acompanham por lesões na área de contato com a fralda, mas sem relação com seu uso. Exemplos: escabiose (sarna), impetigo, entre outras.
2. Porque surge a verdadeira dermatite de fralda?
O uso da fralda abafa o local, provocando aumento da temperatura e umidade, tornando a pele mais sensível à irritação ao contato com urina e fezes. Ou seja, apesar do nome, a fralda não é a causa. Este tipo de dermatite resulta da irritação da pele e não de uma alergia.
3. Como é o aspecto das lesões na pele?
A maioria dos casos é benigna, sendo comum em crianças até 2 anos de idade. Mas, também pode ocorrer em adultos portadores de incontinência urinária ou fecal e em uso de fraldas geriátricas. O tratamento e os cuidados são os mesmos dos indicados na infância.
A dermatite em geral se inicia com o avermelhamento da pele nas áreas de contato com a fralda, surgindo o que se chama popularmente de “assadura”. Mas, se não for tratada adequadamente, pode piorar evoluindo com descamação, aparecimento de bolhas e até erosões na pele. Nos casos mais avançados, pode ocorrer infecção secundária causada por bactérias e/ou por fungos.
4. A fralda é a causa do problema?
Não. A fralda apenas facilita, pois propicia a oclusão, abafando o local, aumentando a umidade e o calor. Na verdade, é a ação da urina e das fezes que irrita a pele e provoca a dermatite.
5. O que é melhor, a fralda de pano ou a descartável?
Teoricamente, o melhor é usar fraldas descartáveis. É indicado o uso de tipos mais absorventes, com maior capacidade de manter seca a pele. Mas, por outro lado, as fraldas de pano também têm vantagens, pois permitem que sejam colocadas mais frouxas, resultando em menor oclusão. Como encharcam facilmente, permitem que o adulto note e providencie a troca. Fraldas de pano devem ser lavadas com duplo enxágue, usando sabão neutro (sabão de coco ou glicerina). Fraldas mais antigas devem ser fervidas e podem ser colocadas no molho em água com algumas colheradas de vinagre durante a noite.
6. O tipo de alimentação influencia?
Apenas em parte. Sabe-se que bebês amamentados ao seio têm menor ocorrência de dermatite de fralda. Ao contrário, crianças com gastroenterite têm mais chance de desenvolver assaduras. Mas, na verdade, qualquer criança, independente do tipo de alimentação pode sofrer desta dermatite.
CUIDADOS QUE AJUDAM:
- Lave as mãos antes e depois de trocar a fralda do bebê.
- Mantenha seca a área das fraldas. Troque sempre que perceber que a criança urinou ou defecou. Mas de 3 em 3 horas, confira se há necessidade da troca.
- Faça a higiene com água corrente ou com algodão embebido em água morna. O uso de lencinhos umedecidos deve ser orientado pelo pediatra já que contém sabões, podendo provocar alergia de contato em crianças susceptíveis.
- Limpe com cuidado, mas suavemente, sem esfregar. Limpe e seque bem os locais úmidos como as dobrinhas da pele.
- Use sabonetes neutros e próprios para a pele sensível do bebê, recomendados pelo médico.
- Evite o uso de calças plásticas
- Sempre que possível, deixe a criança sem fralda durante o dia. É interessante expor a área acometida ao sol, por alguns minutos, pela manhã.
- Comunique ao pediatra se a criança está com o ritmo intestinal aumentado ou com diarréia. Limpe atentamente para que não sobrem resíduos de fezes.
- Não use pós ou preparações caseiras. Só use pomadas ou cremes indicados pelo médico.
Sociedade Brasileira Pediatria – Estudando Dermatologia – Fascículo I – Dermatite de Fralda.
Fisiopatologia da dermatite da área das fraldas: Anais Brasileiros de Dermatologia.
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